sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ESCREVES CORRE(C)TAMENTE? A aproximação da língua escrita à língua falada


O português enquanto língua natural tem assegurada uma vitalidade, o que garante a sua preservação no Mundo. Com cerca de 170 milhões de falantes, ocupa assim o sexto lugar entre as línguas mais faladas internacionalmente. Desta forma, prevalece em territórios separados e continentes distintos, não circunscrita então a uma comunidade apenas.
Uma língua naturalmente evolui e sofre as devidas alterações, desta feita, temos a obrigação enquanto falantes de encará-las factualmente e prosseguir com um contributo positivo para a assimilação da mudança. As mudanças estão expressas invariavelmente em acordos, nomeadamente, os ortográficos e, com eles surgem alterações mais ou menos significativas na língua.
O acordo a que passo referência foi aprovado em dezembro de 1990 por representantes de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. Com certeza os aspetos mais positivos e negativos tomarão conta das opiniões do povo contudo, a mudança é evidente e sobrepõe-se às mais ínfimas, fundamentadas ou descuradas críticas.

O objetivo principal será uma escrita unitária do português, não descurando os 170 milhões de pessoas que verão o seu quotidiano afetado, o novo acordo ortográfico vem de, certa forma, d, ,,,ar a continuação a uma evolução que já começou num período temporalmente longínquo, no ano 1911, momento em que a ortografia nacional mudou radicalmente, deixando-se para trás a utilização do “th” e do “ph”.
O manifesto surge por forma de revoltas provindas desde o mais comum cidadão, ao mais instruído e passando pelo mais especialista na matéria, é portanto transversal, as controvérsias que naturalmente surgem, centram-se numa recusa e numa atitude umbilicista dos falantes. São postas em causa as tradições, a veracidade da identidade, os usuais costumes, uma eventual regressão, a perda da cultura linguística e a constante insinuação que a variação só vem “abrasileirar” o nosso idioma. Por vezes de mais se espreitam em artigos e por entre conversas relativizadas uma atribuição desmedida de uma vitória aos nossos compatriotas de língua. Vitória não baseada em guerras políticas e numa tentativa de prostituição da língua por troca de umas editoras. Estes compatriotas, na minha ótica não pretendem uma tentativa de posse do “idioma de Camões” mas anseiam, com uma atitude reformadora e conjunta com Portugal, elevar o português a uma língua de negócios que só é possível com uma uniformização da grafia. Consequentemente, ambas as nações poderão reforçar a posição da língua e impulsionar a sua difusão. São ainda de cariz positivo, as transformações e facilidades desta uniformização, nomeadamente, deixarão de existir documentos oficiais em duas versões de um mesmo idioma, a circulação de livros virá a ser uma realidade e o uso de terminologia, vocabulário específico comum permitirão parcerias entre departamentos científicos.
É evidente uma total desorganização neste processo. Segundo Malaca Casteleiro, linguista e um dos responsáveis pela elaboração do acordo, é a oralidade que precede a escrita e o que realmente é alterado é a grafia porque foneticamente as palavras têm a mesma forma. No seu entender, era necessária a nossa adaptação para o acordo com o Brasil, caso contrário não seria possível a unificação ortográfica, pois seria despropositado exigir aos brasileiros que reintroduzissem as consoantes mudas.

Na prática, é do conhecimento geral que os media já tomaram a sua posição, favorável ao Acordo Ortográfico; o telejornal do canal televisivo RTP1 e o jornal Expresso são exemplos disso. O leitor pode assim assimilar com mais facilidade os 4% de alterações globais que se deram no vocabulário. Ainda para uma maior familiarização com as novas regras, Gabriela Canavilhas, atual Ministra da Cultura, investiu 60 mil euros num conversor de ortografia “Lince”, desenvolvido pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional, é gratuito, de livre utilização e modelado a todos os sistemas operativos tem lugar em www.portaldalinguaportuguesa.org.


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